O meu avô Cristovão Gonçalves Júnior, conhecido como «Cristovão Vianês», morreu no mar quando a minha mãe contava apenas nove anos. Afoito e conhecedor, era um grande pescador, quase um mito – foi-me dito, não só pela minha mãe, filha adorada e por isso suspeita, mas por outros pescadores, do seu tempo e mesmo mais novos. À minha mãe restaram memórias da angústia diária da tempestade à espreita, de épocas de mar vazio e meia sardinha a cada, de preces mais pela vida que pela fartura, mas também recordações da forma como as actividades diárias se transformavam em canção ou fado ou de como o fruto do mar restaurava a harmonia entre corações desavindos e alegrava almas enlutadas. A pesca é hoje uma actividade económica em extinção, consequência das normas e políticas adoptadas pela União Europeia. Com ela desaparecem tradições e práticas típicas de uma subcultura portuguesa.
Os amigos de Peniche são os ingleses chamados pelo Prior do Crato em 1589, que ali desembarcaram para nos libertar dos espanhóis, acabando por saquear-nos metade do país para, depois, embarcarem de volta, em Cascais, deixando os lisboetas cercados a perguntar: «Onde estão os nossos amigos de Peniche?». A nossa história está repleta de outras demonstrações de amizade semelhantes. Mas os dali, os genuínos de Peniche, são sem dúvida merecedores da palavra amigo no seu sentido literal.
sinopse
fainas, histórias e fados de pesca
a equipa
clara games - realização, montagem ru*mor*- som, pós-produção valdemar costa - assistência de produção
1 comentário:
«João Balintum» : o meu avô!
bejinhos prima clara e obrigada por partilhar esta maravilha connosco!
Selma (filha da manuela)
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